terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Sobre a auto-costura....

Quando a gente se dispõe  sempre por precisão e nunca por estética  a reaver e recosturar determinadas coisas do coração, deparamo-nos com a auto-costura. A auto-costura é necessária quando os dedos já não mais podem se enlaçar um a outro, quando o coração já não pode encostar no outro, quando o ponteiro bate no cinco, e fica no cinco, sempre no cinco, o ponteiro no cinco... Então, primeiro, é preciso alinhavar o tempo. Achar a ponta mais longe e desfazer os embaraços, partindo do fim para o começo. Cerzir as risadas, as poucas palavras, e até mesmo os silêncios estampados de flores que agora estão tão murchas. Depois, é preciso desatar as linhas. As linhas que escreveram no papel de pão, na ponta da mesa, no degrau na escada. O bilhete... E providenciar botões pras casas abertas. E não importa se seu coração vai ficar mais parecido com uma roupa de carnaval. Tudo bem se o seu sorriso vai ser feito de linha de costura. Então você fecha seu ateliê de auto-costura e espera qualquer outro amor pra brincarem de novo no jardim. Mesmo sabendo que seu vestido pode rasgar na cerca quando forem atrás de borboletas. Auto-costura é pra isso mesmo...